O coronel afirmou ainda que é uma "ilusão" pensar que a Polícia Militar conseguirá retirar todas as armas do presídio.
Detentos da
Penitenciária Estadual de Alcaçuz voltaram a subir nos telhados dos
pavilhões da unidade na manhã deste sábado (21), e mais uma vez é
possível ver alguns deles fazendo uso de aparelhos celulares. Este é o
8º dia seguido de motim no maior presídio do Rio Grande do Norte – onde 26 detentos morreram durante uma rebelião no final de semana passado. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal.
Ainda na noite da sexta e já no início desta manhã, caminhões e
tratores chegaram à penitenciária. Também chegaram contêineres que serão
usados para separar os presos rebelados. A ideia é evitar que as duas
facções rivais que disputam o poder dentro da unidade voltem a se
confrontar. Na quinta-feira (19), houve uma batalha campal. Muitos presos ficaram feridos e a PM confirma que há novos mortos.
A barreira a ser
montada com containers, segundo o governo, é uma medida paliativa até
que um muro definitivo seja contruído dividindo os pavilhões 1, 2 e 3
(ocupados por membros do Sindicato do RN) dos pavilheõs 4 e 5 (dominados
pelo PCC).
Rebeliões
Nesta sexta-feira (20), em Natal, o ministro da Defesa Raul Jungmann disse que o governo federal não vai "admitir descontrole". Militares das Forças Armadas estão na capital potiguar para garantir a segurança nas ruas.
Ainda nesta sexta, cinco presos do PCC se negaram a sair de Alcaçuz para progressão do regime fechado para o semiaberto. Outros onze detentos foram levados de Alcaçuz para o Complexo Penal João Chaves, onde deverão cumprir o semiaberto. Nesta situação, eles passam o dia fora da unidade e só voltam para dormir. Um outro preso saiu pela porta da frente de Alcaçuz em cumprimento a um alvará de soltura.
Também na sexta, o Corpo de Bombeiros resgatou três presos que estavam feridos dentro da penitenciária.
Na noite da quarta-feira (18), na Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão, em Caicó, cidade da região Seridó do estado, presos também se rebelaram. Durante intenso quebra-quebra e fogo dentro de um dos pavilhões, um preso foi assassinado. Outros sete detentos ficaram feridos.
Transferências
Mais de 200 presos já foram transferidos de Alcaçuz desde o início da rebelião.
Na segunda-feira (16), cinco presos foram retirados de Alcaçuz. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, entre eles estão os chefes do PCC, facção que promoveu a matança de presos entre o sábado (14) e o domingo (15) dentro da unidade. Os presos transferidos foram Paulo da Silva Santos, João Francisco do Santos, José Cândido Prado, Paulo Márcio Rodrigues de Araújo e Thiago Souza Soares.
Segundo o comandante, deve ser instalada uma barreira física para separar as facções, que seria feita de contêineres provisoriamente. "Isso é urgente e necessário", disse. O coronel afirmou ainda que é uma "ilusão" pensar que a Polícia Militar conseguirá retirar todas as armas do presídio.
Sem grades
Inaugurada em 1998 com foco na "humanização", a penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, está sem grades nas celas desde uma rebelião em março de 2015. Com isso, os presos circulam livremente e os agentes penitenciários se limitam a ficar próximos à portaria. O complexo, no município de Nísia Floresta, na Grande Natal, tem capacidade para 620 pessoas, mas abriga o dobro de presos.
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